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quinta-feira, 7 de julho de 2011

Auto retrato

     Nasci como todos, mas nem por isso vivi como tais. Minha vida nem sempre se dividiu em alegrias, surpresas e brincadeiras. Não era como as outras crianças. Morei em prédio, na casa de uma avó, depois da outra, até em fim, chegar a um lar nosso. Nosso quer dizer do meu pai, da minha mãe, da minha insuportável irmã – que aprendi a gostar - e minha. Meu irmão, por sorte ou não, livrou-se de tanta loucura presa a quatro paredes.

     Lembro-me bem de como era horrível a sensação de subir e descer escadas procurando alguém pra brincar. Tinha cinco anos e o que me restava era uma amiga de dois. Depois ainda precisei superar a enorme falta de crianças na rua. Foi necessário também sair de um colégio que adorava. Sinto-me não tão inteligente devido às precariedades.

     Que seja, aprendi o fundamental, aquilo que a escola ensinava... Algo do tipo “quem descobriu o Brasil?” ou ainda aqueles livros cheios de imagens como que para chamar a atenção do aluno. De certa forma, não gostava. Perguntei-me várias vezes – e não consigo parar de indagar – por que os professores não acreditavam na competência de seus aprendizes. Por que precisavam tanto de figuras divertidas e coloridas? Acho que aprender a ler e entender o significado de todas as palavras seria, antes de tudo, o mais importante. Do jeito que for – ou que foi – consegui.

     Aos poucos, sonhei e desenhei cada passo que queria dar em minha vida. Sempre fui assim de querer provar que posso. Aconteceram, naturalmente, as descobertas. Passei por tudo aquilo de primeiro beijo, de cartinha de amor... Até a rebeldia da adolescência, que acredito ainda não ter passado completamente. Apareceram amigos, colegas... A palavra “ódio” não escapou. Brigas... Foram anos bem agitados.

     Vejo-me agora como... Algo assim que misture vaidade com desleixo, inteligência com medo, competência com desconfiança. Fiz-me ao meio cultural: prendi-me às artes. Gosto da dança, do teatro, da música. Acho ainda melhor misturar tudo, principalmente quando estou no quarto, após um delicioso banho – que me ensinaram a gostar do quente -, sozinha. Rio para todos e para o mundo, acredito na bondade. Detesto ironia, ela me engloba de forma tal que engasgo, não falo, não faço, não reajo.

     Em meio ao que passou e ao que se passa, quando ri, falei, brinquei, briguei, estudei, chorei... Em alguns momentos alegres e outros tristes. Durante o entendimento do que é querer e não ter... Encontrei um resultado para mim dentro de uma batida de chocolate com café – meio enjoado. Sinceramente, não gosto de café. Mas você nem sempre é tudo o que quer.

     Me chamo Nayade Kennedy.

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